Os 13 ex-deputados maranhenses que estão sendo investigados pelo uso indevido de passagens aéreas, dadas a terceiros, teriam causado um gasto acima de R$ 1,3 milhão com o pagamento dessas viagens. O governador Flávio Dino (PCdoB), que foi deputado entre 2007 e 2010, e o seu vice, Carlos Brandão (PSDB), que exerceu duas legislaturas, também estão nessa lista.
O governador, porque tem foro privilegiado, somente o Supremo Tribunal Federal pode revelar quantas passagens teria usado e quanto elas teriam custado. Flávio Dino nega uso indevido dessas passagens, afirmando que todas foram para uso de atividade parlamentar, conforme as regras para suas emissões.
Pelos números do Ministério Público Federal, José Eleonildo Soares, o Pinto Itamaraty (PSDB), que está no exercício de senador por causa da licença do titular, Roberto Rocha (PSB), aparece em terceiro lugar na ranking nacional entre os que mais gastaram. Foram 388 passagens ao custo de R$ 183,6 mil. Já o prefeito de Barreirinhas, Albérico Filho (PMDB), foi o que menos gastou: apenas quatro passagens ao custo de R$ 2.060,28.
*Quem é quem e quem recebeu quanto na lista do caixa dois de Furnas *
A "Lista de Furnas"
Veja a lista dos denunciados pelo Ministério Público e quanto cada um gastou:
Ex-deputado
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Passagens
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Custo em R$
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José Eleonildo Soares (Pinto Itamaraty)
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388
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183.619,61
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Sétimo Waquim
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355
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195.206,29
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José de Ribamar Costa Alves
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266
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150.436,84
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Clóvis Antônio Chaves Fecury
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221
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158.006,27
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Sebastião Torres Madeira
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215
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132.753,46
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Domingos Francisco Dutra Filho
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184
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94.811,22
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Julião Amin Castro
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161
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104.554,57
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Carlos Orleans Brandão
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125
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85.120,73
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Pedro Novais Lima
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121
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80.707,67
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Gastão Dias Vieira
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82
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54.970,78
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Antônio da Conceição Costa Ferreira
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69
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43.654,33
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Remi Trinta
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24
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16.717,98
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Albérico de França Ferreira Filho
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04
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2.060,28
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Total
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2.238
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1.302.588,93
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Documento sobre um suposto esquema de caixa dois nas eleições de 2002, cuja autenticidade está sob investigação da Polícia Federal - é essencialmente uma lista tucana.
Confira nos gráficos abaixo.
Os candidatos do PSDB teriam ficado com mais de dois terços (68,3%) dos R$39,9 milhões que teriam sido distribuidos a 156 políticos por empresas fornecedoras da última grande estatal do ramo elétrico. O PFL fica com um segundo lugar bem distante, 9,3%.
Mas, segundo a "Lista", o dinheiro do PSDB não teria sido distribuido por igual. O grosso foi para três candidatos, que disputavam os três cargos mais importantes do esquema eleitoral tucano em 2002: José Serra, que pleiteava a Presidência, Geraldo Alckmin, candidato a governador de São Paulo, e Aécio Neves, que concorreu ao governo de Minas. Os três, conforme a "Lista", triam ficado com mais da metade do dinheiro do esquema de Furnas. Os demais 153 políticos que constam na "Lista" teriam dividido os 45,4% que restaram.
*A filiação partidária dos 156*
O PSDB também é o primeiro colocado em número de políticos entre os 156 citados no esquema que seria operado pelo então presidente de Furnas, Dimas Toledo, levado ao cargo pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. São 47 tucanos na lista, cinco deles candidatos a cargos majoritários. O PFL comparece com 33 candidatos, apenas um a cargo majoritário (senador).
Veja adistribuição:
Outro modo interessante de ler o documento em exame na PF é comparar os nomes que constam ali com a relação dos membros da CPI dos Correios, que desde junho do ano passado investiga as denúncias de corrupção no Parlamento.
O primeiro destaque é para o deputado ACM Neto (PFL-BA), que tem se salientado pela estridência de seu desempenho na comissão. Ele teria recebido R$ 75 mil do esquema de Furnas. Quanto ao PSDB, constam da "Lista" três dos seus quatro deputados que são titulares ou suplentes da CPI. Figuram também entre os 156 um membro da CPI dos Correios pertencente ao PL e dois dos quadros do PTB.