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João Paulo Cunha era um dos nomes em ascensão no PT em 2003, o primeiro ano do governo Lula. Integrado à elite política que assumira o poder, elegeu-se presidente da Câmara dos Deputados e chegou a despachar interinamente como presidente da República. Em 2012, sua carreira ruiu no julgamento do mensalão ao ser condenado a seis anos e quatro meses de prisão por peculato e corrupção passiva. Começou a cumprir a pena em 2014, no Complexo Penitenciário da Papuda, e foi libertado em março passado. Aos 58 anos, cursa o último ano da pós-graduação no IDP, faculdade do ministro Gilmar Mendes, um de seus algozes no STF. Ele recebeu VEJA no escritório onde trabalha, na região central de Brasília.

Além de falar sobre a Lava Jato e do que considera ter sido uma conspiração contra o PT, o ex-deputado contou, pela primeira vez, os detalhes da vida no cárcere. “A chegada é uma coisa muito dura. É uma mistura de tristeza, melancolia, ódio, raiva, uma vontade de chorar e ao mesmo tempo de gritar. É um sentimento que depois vai abrandando e cada coisa vai caindo no seu lugar. Na hora em que você entra na cela, batem a porta, trancam a fechadura e ouve-se o tilintar das chaves se distanciando no corredor, cada vez mais longe, você não pode mais ir para onde quiser, não pode mudar de cômodo, ouvir um rádio, ler um livro. É aí que se entende o que é perder a liberdade”.