Depois da repercussão negativa da proposta a ser apresentada pela APRUMA ao Conselho Universitário – CONSUN – da UFMA, a professora Rosilda Silva Dias, ex-presidente da entidade, desistiu de ser a relatora do processo encaminhado pela reitora Nair Portela. O processo agora será relatado pela conselheira Elisa Lago, pró-reitora de Recursos Humanos. A reunião do CONSUN para votar a alteração da Resolução que trata da indicação de candidatos para os cargos de reitor e vice-reitor foi remarcada de quinta-feira, 28, para sexta-feira, 29.
As mudanças reforçam as suspeitas de manobra sobre a real intenção da proposta: barrar a candidatura de Natalino Salgado a reitor, considerada imbatível até entre os aliados da reitora e membros da APRUMA. Se aprovada a alteração, o ex-reitor seria impedido de se candidatar pela nova norma, que veda a participação na consulta prévia daqueles docentes que estejam a menos de quatro anos da aposentadoria compulsória. Salgado está com 72 anos, portanto ficaria fora da disputa.
Nos corredores da UFMA, o casuísmo soou como uma tentativa de golpe, causou indignação e perplexidade entre a comunidade universitária. Dirigentes de entidades representativas da UFMA, como a ASSUMA, Sintema, SindUFMA e AAUFMA repudiaram a manobra e apostam no bom senso dos conselheiros para recusar a proposta.
Nair Portela tem dito que não concorrerá à reeleição, mas se esforça para viabilizar o nome do pró-reitor João de Deus como o candidato do seu grupo. A três meses da eleição e sentindo o seu projeto naufragar, a reitora imagina que a única forma de impedir a volta de Salgado à reitoria é tirar o direito de ele ser candidato.
A APRUMA se aliou a reitora por não ter um nome competitivo para apresentar na consulta. Também por estar sem credenciais para fazê-lo, já que silenciou nos últimos três anos diante da grave crise na UFMA. Nem moveu uma palha para cobrar ações efetivas da gestão em defesa da universidade.
Caso o CONSUN aprove a alteração, o aprofundamento da crise na universidade será inevitável. Pareceres jurídicos são taxativos em apontar a inconstitucionalidade da proposta ao advogar o impedimento do docente, próximo a aposentadoria, de participar do processo de escolha dos dirigentes máximos das universidades federais.
A ilegalidade seria derrubada na justiça, mas atrasaria o processo sucessório. A UFMA tem até o dia 2 de setembro para enviar a lista tríplice ao MEC e a judicialização da consulta prévia à comunidade pode resultar até na indicação de um interventor para a universidade. Esse seria o triste legado que Nair Portela deixaria para a instituição com o apoio da APRUMA. A entidade também jogaria na lata de lixo sua história de luta por uma universidade como o espaço que deve prezar pela garantia das liberdades democráticas.