O Ministério Público do Maranhão abriu mais um capítulo na infinita novela de escândalos de improbidade que mancham a administração pública brasileira. Desta vez, o alvo é o próprio prefeito de Rosário, José Nilton Pinheiro Calvet Filho, acusado de operar um esquema escandaloso de desvio de salários através da prática conhecida como "rachadinha".
De acordo com a promotora Maria Cristina Lobato Murillo, Calvet Filho teria nomeado irregularmente Nayara Serra Nunes, prima de sua suposta amante Rosana Karla Machado Nunes, para um cargo fantasma de assistente técnica com o único propósito de desviar parte do salário para os bolsos de Rosana.
As provas são esmagadoras. Após quebra de sigilo bancário, ficou comprovado que Nayara repassava religiosamente R$ 2 mil de seu salário de R$ 3 mil para a conta de Rosana. Um valor maior que o dobro do que Rosana ganhava anteriormente nos quadros da prefeitura.
Mas o pior ainda está por vir. A promotoria apurou que Nayara sequer aparecia para trabalhar, estando lotada na Secretaria de Finanças apenas no papel. Na prática, ela dizia trabalhar na área de Comunicação, um cargo para o qual não foi contratada.
Em suas explicações contraditórias, Rosana admitiu que entrou nos quadros da prefeitura logo no início da gestão Calvet Filho, a pedido da própria primeira-dama Francisca Estela, sem qualquer experiência prévia na área pública.
"É o que se pode chamar de nepotismo escancarado e descarado desvio de recursos públicos. O prefeito Calvet Filho não apenas nomeou ilegalmente duas pessoas sem concurso, como o fez para beneficiar sua amante às custas dos cofres municipais. É de uma imoralidade gritante", bradou a promotora na ação.
O MPMA requer não apenas a condenação dos três por improbidade administrativa, com perda de bens e cargos, mas também que o prefeito seja imediatamente afastado para impedir a continuidade dessas práticas depravadas de saque dos parcos recursos de um município pobre como Rosário.
A sociedade de Rosário não pode mais ser refém desse bando de corruptos que trata a máquina pública como pasciente para sua ganância privada. É imperative decretar ricos.