Se o aumento descontrolado da passagem dos ônibus fosse uma das modalidades das Olimpíadas, o prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior (PDT), seria medalhista ouro. Eleito em 2012 sob a promessa de mudança, o pedetista não manteve as rédeas da própria administração e, em meio a dificuldades para acalmar os empresários do setor, não segurou o valor da passagem e repassou pelo menos um aumento por ano aos usuários.
O recorde imbatível de Edivaldo começou a ser traçado logo nas primeiras semanas em que ele sentou na cadeira de prefeito de São Luís. Em fevereiro de 2013, mesmo tendo prometido em campanha o contrário, o pedetista fez a passagem saltar de R$ 1,98 para 2,75. O aumento levou milhares de estudantes às ruas, e acabou motivando a promotora de Defesa do Consumidor, Lítia Cavalcanti, a intervir. Ilegal, o aumento acabou sendo derrubado na Justiça.
Pouco mais de um ano depois, em junho de 2014, sob a alegação de que os empresários estavam em uma “situação de colapso financeiro-operacional” Edivaldo voltou a aumentar a passagem e ainda pôs fim a chamada ‘domingueira’, como era chamado o pagamento de meia-passagem durante todos os domingos. O aumento foi de R$ 0,30 em todas as linhas, deixando a mais cara em R$ 2,40. Para acalmar os usuários, Edivaldo prometeu investimentos e melhorias substanciais no sistema, como a renovação da frota com 500 novos ônibus. Contudo, uma viagem em qualquer ônibus, para qualquer bairro, mostra que a promessa até hoje não foi completamente cumprida.
Nove meses depois, em março de 2015, Edivaldo Júnior anunciou um novo aumento. Desta vez, de 16%. Sob articulação do então promotor-geral do município, Marcos Braid, que agora trabalha como advogado de sua de campanha, o pedetista conseguiu ainda no Tribunal de Justiça do Maranhão, no mesmo ano, o direito de aumentar as tarifas de transporte coletivo e de táxis da capital maranhense sem o referendo da Câmara Municipal de São Luís, isto de é, de aumentar a passagem quando bem entender, sem precisar pedir autorização da Câmara, que só concedia após diversas audiências públicas.
Na ocasião, as passagens mais altas subiram de R$ 2,40 para R$ 2,80. As mais baratas passaram de R$ 1,90 para R$ 2,20 e R$ 1,60 para R$ 1,90. Pressionado por estudantes, que foram novamente às ruas por três dias consecutivos exigir a revogação do decreto, Edivaldo recuou, mas somente em parte. Uma pequena parte, na verdade. Apenas a passagem das linhas do Sistema Integrado de Transporte (SIT), que havia sido reajustada para R$ 2,80, caíram para R$ 2,60.
Em 2016, ano eleitoral e de Olimpíadas, Edivaldo voltou a sair em disparada e cravou um novo aumento no bolso do usuário do transporte coletivo, em 11,8%. Feita via decreto, já que não precisava mais da autorização da CMSL, o aumento subiu a passagem de R$ 1,90 para R$ 2,20; de R$ 2,20 para R$ 2,50; de R$ 2,60 para R$ 2,90; e as semiurbanas de R$ 2,90 para R$ 3,10.
Curiosamente, a justificativa apresentada à população foi que, com a implantação do programa Bilhete Único, que na verdade deveria ser um benefício e cumprimento de promessa de campanha, os empresários do transporte público estavam enfrentando sérias dificuldades para arcar com os custos da manutenção dos salários dos funcionários e dos ônibus que atendem o sistema.